O Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) decidiu, na noite de terça-feira (20), cassar o mandato do senador Beto Faro (PT) por cinco votos a dois. A decisão atende a uma ação movida pelo Partido Liberal (PL) que acusa o parlamentar de abuso de poder econômico, compra de votos, corrupção e assédio eleitoral durante as eleições de 2022.
Além de Faro, os suplentes Josenir Gonçalves Nascimento (PT) e Leny May da Silva Campelo (PCdoB) também foram cassados. Apesar da decisão, o senador permanece no cargo até o julgamento de eventuais recursos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Esquema envolvendo empresa privada
De acordo com a denúncia, Faro teria se beneficiado do apoio da empresa Kapa Capital, ligada a um aliado político, para garantir votos de funcionários da companhia. O esquema incluía promessas de vantagens financeiras, como o pagamento em dobro de vale-alimentação, em troca de apoio político.
O processo foi sustentado por uma série de provas, entre elas mensagens em grupos de WhatsApp e gravações de reuniões internas, nas quais empregados relatam pressão para apoiar o senador petista. A defesa tentou anular as provas, argumentando que as gravações violavam o direito à privacidade. No entanto, a maioria do plenário do TRE considerou as evidências legítimas e suficientes para comprovar as irregularidades.
Defesa promete recorrer
Em nota oficial, o Partido dos Trabalhadores do Pará e o senador Beto Faro afirmaram que receberam a decisão com serenidade, mas discordam da conclusão do tribunal. “Continuamos confiantes na Justiça Eleitoral e acreditamos que os recursos que apresentaremos ao TSE demonstrarão a legalidade da nossa campanha e a lisura do nosso mandato”, diz o comunicado.
Possível nova eleição no Pará
Caso a decisão do TRE-PA seja mantida pelo TSE, o Pará poderá ter que convocar uma nova eleição para o Senado. Essa possibilidade levanta discussões no meio político paraense e nacional, já que Faro é líder do PT no Senado desde 2024 e uma figura de peso dentro do partido.
A cassação de um senador em exercício é um fato raro e reverbera fortemente em Brasília. A oposição vê o caso como uma vitória do combate à corrupção eleitoral, enquanto aliados de Faro classificam o processo como politizado.
Próximos passos
O senador já anunciou que irá recorrer da decisão e, até que os recursos sejam analisados pelo TSE, segue exercendo o mandato normalmente. A expectativa é de que o tribunal superior leve o caso a julgamento ainda em 2025.
Enquanto isso, o cenário político no Pará entra em compasso de espera, com partidos e lideranças monitorando de perto os desdobramentos do caso.