Homem apontado como líder do grupo havia sido solto após pagar fiança, mas teve prisão preventiva decretada por não comparecer à audiência de custódia
Luis Fabiano da Silva, suspeito de liderar um grupo que planejava um ataque a bomba durante o show da cantora Lady Gaga em Copacabana, foi preso novamente nesta segunda-feira (5) no Rio Grande do Sul. A prisão ocorre dois dias após o megashow, que reuniu cerca de 2,1 milhões de pessoas na praia carioca no último sábado.
O homem havia sido detido inicialmente em flagrante por porte ilegal de arma, mas acabou sendo liberado após o pagamento de fiança. No entanto, o Tribunal de Justiça gaúcho decretou sua prisão preventiva depois que ele não compareceu à audiência de custódia, conforme determinação judicial.
Polêmica na liberação do suspeito
A soltura inicial do suspeito provocou forte reação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, responsável pela investigação do caso. O secretário estadual da corporação, delegado Felipe Curi, criticou a legislação brasileira que permitiu a liberação.
“Esse é um problema, infelizmente, de legislação que nós temos aqui no nosso país que precisa ser corrigido. Permite com que criminosos de alta periculosidade entrem e saiam rápido da prisão”, afirmou Curi, que defende o enquadramento do caso como terrorismo.
Decisão judicial detalhada
A prisão preventiva foi decretada pela juíza Fabiana Pagel, do Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp) do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Em sua decisão, a magistrada ressaltou que, embora não tenha sido encontrado material explosivo com o suspeito, a posse de armas e a investigação por terrorismo justificavam a medida mais severa.
A juíza considerou ainda que, devido à gravidade dos indícios, não caberia a aplicação de medidas alternativas à prisão neste caso. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Luis Fabiano para comentar a decisão.
Operação em quatro estados
Luis Fabiano é apontado pelas autoridades como um dos mentores de um plano de atentado articulado por um grupo que atuava em fóruns online e redes sociais. Segundo as investigações, os integrantes planejavam usar explosivos improvisados e coquetéis molotov durante o show de Lady Gaga.
Além dele, um adolescente de 17 anos, identificado como segundo líder do grupo, foi apreendido no Rio de Janeiro por armazenar material de pornografia infantil. A operação “Fake Monster”, coordenada pela Polícia Civil fluminense, cumpriu ao todo 15 mandados de busca e apreensão em nove municípios de quatro estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Outro suspeito em Macaé
Em Macaé, no norte fluminense, outro suspeito também foi alvo de mandado de busca. De acordo com a Polícia Civil, ele ameaçava matar um bebê ao vivo durante o show, alegando que a cantora promovia rituais satânicos. O homem, que não teve o nome divulgado, responde por terrorismo e por induzir crimes.
As investigações começaram após um alerta feito por meio do Disque Denúncia, entidade não governamental que recebe informações anônimas. O caso mobilizou o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e a central de inteligência da Prefeitura do Rio.
Durante as diligências, foram apreendidos diversos dispositivos eletrônicos e outros materiais que ainda estão sendo analisados pelas autoridades. A investigação continua para identificar possíveis outros envolvidos no plano.