A cantora Nana Caymmi, uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira, faleceu nesta quinta-feira (1) aos 84 anos, na Clínica São José, em Botafogo, Rio de Janeiro, onde estava internada desde agosto passado para tratamento de arritmia cardíaca.
Uma vida dedicada à música
Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, Nana era filha do lendário compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris.
Primogênita de uma família que se tornaria um dos pilares da música brasileira, Nana foi seguida pelos irmãos Dori (1943) e Danilo (1948), ambos também músicos.
Sua estreia em disco aconteceu em 1960, quando ainda adolescente gravou “Acalanto”, composição que seu pai fez em sua homenagem e que se tornou conhecida pela famosa canção de ninar.
Carreira internacional e casamentos
Em 1961, surpreendentemente, Nana interrompeu a carreira musical para se casar com o médico Gilberto José Aponte Paoli e mudar-se para a Venezuela, onde nasceram suas filhas.
Três anos depois, participou do disco “Caymmi visita Tom e leva seus filhos”, e em 1965 gravou seu primeiro LP, “Nana”, decisão que precipitou o fim de seu casamento.
De volta ao Brasil, venceu o I Festival Internacional da Canção da TV Globo em 1966, interpretando “Saveiros”, composição de seu irmão Dori com Nelson Motta.
Sucesso na MPB
O álbum que projetou definitivamente Nana no cenário da MPB foi lançado em 1975, com interpretações memoráveis de “Ponta de areia” e uma versão definitiva de “Só louco”.
Nos anos seguintes, consolidou-se como intérprete refinada, trabalhando com nomes como Milton Nascimento, Toninho Horta, João Donato e mantendo parcerias importantes com grandes pianistas brasileiros.
Nos anos 1990, surpreendeu ao lançar “Bolero”, um disco que vendeu quase 100 mil cópias, apesar de tê-lo gravado “morrendo de vergonha”, segundo suas próprias palavras.
Últimos anos
Em 2008, com o falecimento dos pais num curto intervalo de tempo, Nana chegou a cogitar abandonar a carreira, mas logo retornou às atividades.
Afastada dos palcos desde 2016, após uma cirurgia para remoção de um tumor no estômago, continuou gravando discos aclamados pela crítica e pelo público.
Em 2019 e 2021, foi indicada ao Grammy Latino por trabalhos como “Nana Caymmi canta Tito Madi” e “Nana, Tom, Vinícius”, reafirmando sua importância artística.
Em uma entrevista ao GLOBO em 2021, mostrou seu habitual estilo franco: “Não pisei na bola no meu repertório, não gravei o que não queria ter gravado, teria feito tudo igual”.