O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez, nesta quinta-feira (21/11), sobre a tentativa de golpe de Estado, arquitetada por militares, em 2022, após as eleições. O plano, revelado pela Polícia Federal, envolvia também as execuções de Lula, do vice – presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. As mortes seriam por tiro ou envenenamento.
“Eu sou um cara que tenho que agradecer agora, muito mais, porque eu tô vivo. A tentativa de envenenar eu e Alckmin não deu certo, nós estamos aqui”, disse Lula.
A declaração foi feita durante um evento no Palácio do Planalto para divulgar planos do governo federal sobre a concessão de rodovias ao setor privado. No meio do discurso, Lula voltou a citar o plano golpista e disse que não quer perseguir ninguém.
“É esse país, companheiros, sem perseguição, sem o estímulo do ódio, sem o estímulo da desavença que a gente precisa construir”, disse.
O presidente continuou dizendo que, ao final do mandato, o que quer é apresentar o resultado do governo.
“E eu não quero envenenar ninguém, eu não quero nem perseguir ninguém. A única coisa que eu quero é, quando terminar o meu mandato, que a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós. Eu quero medir com números quem fez mais escola, quem cuidou dos mais dos pobres, quem fez mais estradas, mais pontes, quem pagou mais salário mínimo nesse país, é isso que eu quero medir porque é isso que conta no resultado da governança”, acrescentou.
Na terça (19/11), a Polícia Federal deflagrou a operação Contragolpe e prendeu quatro militares e um policial federal suspeitos de participarem de uma organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado após as eleições para impedir a posse do governo eleito e restringir a atuação do poder Judiciário.
Segundo as investigações, o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, previa a execução de Lula e Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes e seria executado no dia 15 de dezembro de 2022.
De acordo com a PF, as ações envolveriam o uso de técnicas militares e uma rede de comunicação baseada em anonimato, monitoramento clandestino e emprego ilícito de recursos públicos. Os indícios foram identificados, inicialmente, a partir das análises dos dados armazenados no aparelho celular Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, especialmente nas mensagens compartilhadas com o coronel do Exército Marcelo Câmara. Cid foi intimado por Moraes para prestar novo depoimento nesta quinta – feira.