Da Redação
Ednaldo Rodrigues, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), apresentou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal desistindo de continuar a disputa judicial para permanecer no cargo. A petição, endereçada ao Ministro Gilmar Mendes, relator da PET 13.873, marca o fim da batalha legal após sua recente destituição da presidência por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
No documento, Rodrigues solicita que “seja tornada sem efeito a petição anteriormente protocolada em seu próprio nome” que impugnava a última decisão monocrática expedida pelo Desembargador Zéfiro, do TJ/RJ.
O ex-dirigente afirmou que não estará concorrendo a qualquer cargo nem apoiando candidatos nas novas eleições convocadas pelo interventor, desejando “sucesso e boa sorte àqueles que vão assumir a gestão do futebol brasileiro”.
Acusações de racismo e perseguição
Na petição, Rodrigues alega ter sido “vítima de movimentos de exclusão política” e menciona “resistências estruturais ao fato de um nordestino negro ocupar o cargo mais alto do futebol nacional”. Segundo ele, foi “alvo de ataques difamatórios orquestrados por setores inconformados com sua atuação firme, ética e transformadora”, que teriam induzido o Judiciário ao erro.
Rodrigues menciona que sua decisão foi tomada “em respeito ao apelo de sua família e movido pela consciência de que a perpetuação de conflitos institucionais afetaria negativamente o futebol brasileiro”, preferindo assim encerrar a disputa “com a consciência tranquila e a cabeça erguida”.
Realizações de gestão
O documento destaca diversas conquistas durante a administração de Rodrigues, incluindo a contratação do técnico Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira, a consolidação financeira da entidade com receitas superiores a R$ 1,5 bilhão e um caixa de R$ 2,6 bilhões, além da renovação do contrato com a Nike até 2038, avaliado em mais de R$ 1 bilhão por ano.
Entre outras realizações citadas estão o crescimento das competições nacionais, a criação de novas disputas de base e feminino (como o Brasileiro Sub-15, o Sub-20 da Série B, a Copa do Brasil Feminina e o Sub-20 do Nordeste), além do combate à manipulação de resultados com a criação da Unidade de Integridade da CBF, que monitora mais de 10 mil jogos por ano.
Rodrigues também menciona a cooperação com a FIFA, o apoio a seleções de inclusão social como as de Futsal Down e Futsal Nanismo, e a ampliação da CBF Academy para todos os estados brasileiros, triplicando o número de alunos.
Na área de governança, o ex-presidente destaca o fortalecimento institucional, com a criação de mecanismos de controle sobre receitas e despesas, regularização de contratos de trabalho, implementação de programas de integridade, e transformação da Diretoria Jurídica da CBF baseada em princípios de boa governança.
O documento aponta que a Diretoria Jurídica alcançou um índice de êxito judicial de 91,05% e benefícios econômicos documentados de R$ 443.941.483,82, além da regularização de imóveis da CBF indevidamente arrolados pela Receita Federal, uma situação que, segundo Rodrigues, “até então era desconhecida pela entidade e que, embora pendente há anos, jamais havia sido enfrentada pela administração anterior”.
Ao encerrar sua manifestação, Rodrigues reafirma “seu compromisso com o respeito à Justiça, à verdade dos fatos e à estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol”, permanecendo à disposição para prestar qualquer informação necessária.