A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira (13) a Operação Manto de Engano para cumprir mandados de busca e apreensão contra o empresário Alexandre Ceotto André, de 50 anos, apontado como o mentor intelectual de um furto ocorrido em fevereiro deste ano em um apart-hotel de alto padrão no bairro Gragoatá, em Niterói. À tarde, um mandado de prisão foi expedido contra Ceotto, que é considerado foragido.
O caso, investigado pela 76ª DP (Niterói), apura o arrombamento de um apartamento no Hotel Orizzonte by Atlântica, de onde foram levados cerca de dez relógios de luxo. Ceotto foi candidato a vice-prefeito de Niterói em 2020 e havia anunciado pré-candidatura à prefeitura em 2024.
Câmeras de segurança flagraram o autor do crime entrando no prédio de táxi, usando terno, luvas e uma máscara de silicone realista, o que levou a polícia a classificar a ação como “cinematográfica”.
Criminoso burlou segurança do prédio de luxo
O suspeito acessou o andar do apartamento por áreas destinadas a funcionários e permaneceu no imóvel por cerca de 16 minutos, saindo sem ser notado, mesmo com o rigoroso sistema de segurança do prédio. Na fuga, caminhou cerca de 300 metros até um carro deixado nas proximidades horas antes.
Reconstituindo o trajeto percorrido pelo criminoso, os agentes chegaram ao advogado criminalista Luís Maurício Martins Gualda, de 47 anos, que usou seu próprio veículo para deixar o local do crime. No dia 6 de maio, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca na casa e no escritório do advogado.
No dia seguinte, ele se apresentou na delegacia e confessou a autoria do furto, apontando Alexandre Ceotto como mandante e idealizador da ação.
Vítima era amigo e apartamento foi vendido pelo próprio suspeito
Segundo o depoimento de Luís Maurício, Ceotto suspeitava que a vítima, com quem mantinha relação de amizade, escondia cerca de US$ 1 milhão no apartamento. O empresário tinha conhecimento privilegiado sobre o imóvel, pois:
- Ele próprio teria vendido o apartamento à vítima
- Conhecia a planta detalhada do local
- Estava ciente da rotina do morador, que estava viajando no dia do crime
De acordo com o relato do advogado, o plano era dividir o dinheiro após o furto. A polícia acredita que o crime foi meticulosamente planejado, aproveitando-se da confiança da vítima.
Busca e prisão decretada
Ontem pela manhã, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra Ceotto em:
- Sua residência em Icaraí, Niterói
- Casa de sua mãe, na Região Oceânica, também em Niterói
Ceotto acompanhou o trabalho da polícia nos dois endereços. No entanto, quando chegou a ordem de prisão, ele não foi mais encontrado e passou a ser considerado foragido.
Ambos os suspeitos foram indiciados por furto qualificado, crime cuja pena pode chegar a 12 anos de reclusão. À tarde, o Tribunal de Justiça expediu um mandado de prisão contra Ceotto.
A reportagem tentou contato com a defesa do empresário, mas não obteve resposta até o momento. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, comentou o caso nas redes sociais, criticando Ceotto: “Que papelão, hein?”.
O crime, que destoa do perfil público do empresário que pretendia concorrer à prefeitura de Niterói, chamou atenção pelo requinte e planejamento. Autoridades policiais continuam as buscas pelo político foragido, enquanto o advogado que confessou o furto segue colaborando com as investigações.
O Hotel Orizzonte by Atlântica, cenário do crime, é um dos empreendimentos de alto padrão da região de Gragoatá, área nobre de Niterói, e já reforçou seu esquema de segurança após o incidente.