O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, determinou o afastamento cautelar do juiz federal Sandro Nunes Vieira, da 4ª Região, citado no relatório da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado, após as eleições presidenciais de 2022.
O caso tramita sob segredo de Justiça, mas a corregedoria divulgou que a decisão foi tomada após o Conselho Nacional de Justiça receber ofício do Supremo Tribunal Federal sobre a conduta do magistrado, pedindo a adoção de providências.
No relatório – tornado público na última terça-feira(26/11) – o nome do juiz federal é mencionado cinco vezes. Sandro é apontado como um dos integrantes do grupo que elaborou documento divulgado pelo Instituto Voto Livre (IVL) questionando as urnas eletrônicas.
O relatório foi utilizado em uma representação ao TSE contra a votação do 2º turno das eleições de 2022, em que Bolsonaro foi derrotado.
O magistrado não consta na lista das 37 pessoas indiciadas no inquérito, mas, conforme o relatório, chegou a ser citado pelo presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, em algumas declarações e, em razão disso, enviou mensagens para o grupo pedindo que seu nome não fosse mais mencionado.
Atuou no TSE
Sandro Nunes Vieira atuou junto ao Tribunal Superior Eleitoral de 2019 a julho de 2022. Em 2020, ele foi indicado pela então presidente do TSE, ministra Rosa Weber, como participante do grupo gestor do Programa de Enfrentamento à Desinformação nas eleições daquele ano.
O contato de telefone do magistrado, no mesmo período em que ele atuou no TSE, foi salvo no celular de Marcelo Camara — que foi assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro e trabalhava vinculado ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens da Presidência da República no governo Bolsonaro.
Segundo o relatório da PF, as investigações revelaram que o magistrado “atuou de forma ilegal e clandestina, ao assessorar o Partido Liberal”.